"Qual é a essência dos ensinamentos do Buddha? Como esta essência se expressa nas diferentes culturas? Qual era realmente o objetivo de Buddha?"
Para responder estas questões, será preciso olhar além das aparências culturais da prática budista nos diferentes lugares. Na medida em que o Dharma chega ao Ocidente, precisamos examinar isso também porque estamos aprendendo o budismo através de uma sobreposição da cultura oriental. Precisamos sempre nos perguntar, "Qual o verdadeiro propósito desta cerimônia ou desta prática? Como praticamos o budismo como ocidentais?"
S.S. o Dalai Lama diz que os ocidentais não precisam adotar a cultura tibetana para praticar o Dharma: "Você pode comer momos, tomar chá tibetano e usar roupas tibetanas, mas seu nariz ainda é do ocidente." Precisamos procurar o significado do Dharma e não confundi-lo com formas externas e armadilhas culturais. Este desafio os budistas ocidentais precisam encarar.
A raiva é destrutiva?
Primeiramente vamos concordar que a raiva é uma emoção destrutiva. Estou levantando este ponto porque algumas pessoas acham que a raiva é construtiva. Elas dizem: "Fulano me roubou. Eu tenho o direito de ficar com raiva. Foi bom que eu lhe dei um fora e o coloquei no seu lugar. Se não fosse por isto, ele iria montar em mim!" Assim, tentam justificar suas raivas.
Se pensarmos assim, não faremos nada a respeito da nossa raiva, porque acharemos que ela é benéfica. Mas, vamos dar uma olhada mais profunda e perguntar, "Quando estou com raiva, estou feliz?" Alguém fica realmente feliz quando está aborrecido, irritado ou furioso?
Ninguém fica. Se nos sentimos infelizes quando estamos com raiva, como é que a raiva pode ser positiva? Qualidades positivas nos trazem felicidade, mas quando estamos com raiva, definitivamente estamos infelizes.
Examinando nossa própria experiência, vemos que a raiva traz muitas desvantagens. Quando estamos com raiva, fazemos e dizemos coisas que mais tarde lamentamos. A raiva nos faz perder o nosso controle, então falamos aos outros com crueldade; e podemos até mesmo ferir fisicamente aqueles a quem amamos. Cada um de nós tem um armazém oculto de eventos em nossas vidas que não gostaríamos de lembrar, porque estamos envergonhados da maneira como agimos naquelas ocasiões.
Às vezes nos indagamos porque os outros não gostam de nós. Pensamos que somos pessoas bastante boas! Mas se vermos a maneira como tratamos os outros, especialmente quando estamos com raiva, então fica claro porque eles não confiam em nós.
Lembre-se de uma situação em que tenha tido raiva. Saia por um momento de seus próprios sapatos e olhe a si mesmo do ponto de vista da outra pessoa. Veja o que disse e o que fez. Você foi uma pessoa querida naquela ocasião? Você foi gentil? Você gostaria de ser seu próprio amigo quando fica irascível?
É bom soltarmos a nossa raiva?
Muitos terapeutas encorajam seus clientes a sentir raiva de coisas que aconteceram muitos anos atrás e a soltar a sua raiva. Mais tarde, quando os terapeutas ou clientes ouvem os ensinamentos budistas sobre as desvantagens da raiva, eles perguntam se Buddha defendia a supressão da raiva.
Não, ele não defendia. Suprimir ou reprimir a raiva não acaba com ela, apenas a oculta. Podemos ter um sorriso em nosso rosto, mas se ainda tivermos raiva em nossos corações, não teremos resolvido a raiva. Isto não é praticar a paciência, é ser hipócrita! Além disso, segurar a raiva é doloroso e pode nos prejudicar.
É importante sermos honestos conosco e reconhecermos nossa raiva, ao invés de fingir que ela não existe. No entanto, reconhecer que estamos com raiva é diferente de expressá-la verbal ou fisicamente. Quando soltamos a raiva, nos arriscamos a fazer outras pessoas infelizes. Igualmente, soltar a raiva batendo em almofadas ou gritando em lugares solitários não resolve a hostilidade e a frustração. Isto apenas dissipa temporariamente a energia-raiva. Além do mais, começamos a formar o hábito de gritar ou bater em objetos, o que não é benéfico.
Existem alternativas para os extremos de suprimir a raiva ou soltá-la. O budismo defende dissolvê-la, para que ela deixe de existir. Então nossos corações estarão livres de hostilidade e nossas ações não ameaçarão o bem-estar dos outros. Com as mentes claras, podemos então discutir e resolver as situações difíceis com os outros.
O sistema de castas também vigorava no reino do clã Shakya. Naquela época, a Índia estava dividida em cerca de duzentos ou trezentos pequenos reinos. Shakya localizava-se entre o norte da Índia e as montanhas do Himalaia, no sul de Nepal. Sua capital, Kapilavastu, ficava no vale oeste do rio Rohini (actual Kohana, afluente do Ganges), a nordeste de Benares e a noroeste de Patna, perto de Garakhpur. Apesar de sua grande actividade agrícola, o reino estava passando por graves problemas políticos: não era completamente independente e tinha de pagar tributos ao reino vizinho, Kosala.
Por volta dos séculos VI-V a.C., Shakya era governado pelo rajá Shuddhodana Gautama, membro da casta guerreira. O rei era casado com sua bela prima, Maya-devi Gautami, e apesar de quererem ter filhos, não conseguiram tê-los, tendo Shuddhodana perdido as esperanças pois tinha mais de 50 anos de idade e sua esposa tinha 45. Mas certa vez, Maya sonhou com um belo elefante branco. Sete sábios interpretaram o sonho como o prenúncio do nascimento de um filho prodigioso: ele seria um imperador universal (sânsc. chakravartin) se vivesse no palácio de seu pai, ou um asceta (sânsc. bhikshu) se renunciasse ao trono.
Shuddhodana ficou ao mesmo tempo esperançoso e preocupado. Ele não queria que seu filho fosse um asceta, mas sim um grande imperador, que pudesse solucionar os problemas do reino e aumentar o poder do seu clã.
No fim de uma gestação de 10 meses, Maya seguiu a tradição indiana e viajou para a casa de seus pais em Kapilavastu, a fim de ter o seu filho lá. O filho de Maya nasceu perto daquela cidade, nos jardins de Lumbini, no alvorecer do 8º dia do 12º mês lunar de 565 a.C. Sob uma grande árvore ashoka, a rainha deu a luz à um belo menino, que saiu debaixo de seu flanco direito .
Segundo as histórias tradicionais, a criança deu sete passos na direcção de cada ponto cardeal e flores desabrocharam nos lugares pisados. Algumas tradições dizem que ele apontou para o céu com a mão direita e para a terra com a mão esquerda, dizendo: "Entre o céu e a terra, sou o único que é digno de veneração!"
Segundo outras tradições, ele teria dito: "Sou o líder do mundo, sou o guia do mundo. Este é o meu último nascimento." Naquele momento caiu uma chuva de néctar doce e seres divinos apareceram no céu.
Por causa desses acontecimentos, o recém-nascido recebeu o nome de Sarvarthasiddha Gautama (aquele da família Gautama que realiza todas as suas metas), logo simplificado para Siddhartha Gautama (páli Siddhattha Gotama, aquele da família Gautama que realiza suas metas). Um velho eremita chamado Asita foi vê-lo e descobriu vários sinais no menino, confirmando as previsões.
Maya faleceu uma semana após o nascimento Siddhartha. Ela foi dormir sorrindo e não despertou; acabou renascendo em Trayastrinsha, o paraíso dos trinta e três deuses.
Siddhartha passou a ser cuidado por sua tia, Prajapati Gautami, que futuramente se tornaria a primeira monja buddhista. O rei Shuddhodana deu três palácios ao príncipe: um de mármore para o verão, um de cedro para o inverno e um de ladrilhos para a época das monções. Após vencer um torneio de artes marciais, aos 16 anos, Siddhartha casou-se com Yashodhara, filha do rajá Dandapani, e ganhou o belo palácio de Visharamvan. Posteriormente, casou-se também com Gopa e Mrigaja, mas foi com Yashodhara que ele teve seu único filho, Rahula.
Com a idade de 29, Siddhartha convenceu o seu pai de que já era o momento de conhecer o mundo; o príncipe nunca tinha saído dos palácios. Acompanhado do cocheiro Channa, o príncipe foi conhecer a cidade. O rei Shuddhodana tentou evitar que seu filho se deparasse com qualquer cena desagradável, camuflando a cidade e mandando esconder as pessoas que sofriam. Mesmo assim, quatro seres divinos aparecem para o príncipe, respectivamente como um velho, um doente, um morto e um asceta. Muito entristecido com o que viu, Siddhartha discutiu com seu pai e decidiu abandonou sua vida luxuosa.
Cavalgando o corcel Chandaka, Siddhartha fugiu para as margens do rio Anoma. O cocheiro Channa não gostou da idéia e, apesar das insistências, não conseguiu convencer o príncipe a retornar ao palácio.
Siddhartha queria descobrir uma maneira de eliminar os sofrimentos. Como sua vida luxuosa não poderia livrá-lo da doença, velhice e morte, Siddhartha trocou a vida palaciana pela vida ascética
Como símbolo de sua renúncia, Siddhartha cortou seus longos cabelos com uma espada. Ele passou a praticar ascetismo na floresta de Uruvela, no reino de Magadha.
Algum tempo depois, ele encontrou Alara Kalama e Udraka Ramaputra, que lhe ensinaram avançadas técnicas de meditação. Porém, eles não conseguiram satisfazer as dúvidas de Siddhartha quanto à natureza do eu, nem responder à pergunta do ex-príncipe: como extinguir o sofrimento?
Por seis anos, Siddhartha foi acompanhado por outros cinco ascetas — Ajnatakaundinya, Ashvajit, Vashpa, Mahanaman e Bhadrika —, ex-discípulos de Udraka Ramaputra. Quando percebeu que o ascetismo não traria os resultados que procurava, Siddhartha abandonou este estilo de vida. Subitamente, ele compreendeu que a vida palaciana e a vida ascética são dois extremos; o ideal é seguir um caminho intermediário, o caminho do meio (sânsc. madhyama-pratipad), o caminho do despertar.
Duas jovens, Radha e Sujata, ofereceram comida para Siddhartha se alimentar. Os cinco ascetas pensaram que ele tinha abandonado sua busca pela iluminação e partiram sem ele.
Após recuperar a saúde, Siddhartha foi para uma região conhecida como Círculo da Iluminação (sânsc. Bodh-Gaya) em Bihar, onde os iluminados do passado atingiram o despertar. Próximo ao rio Nairanjana, Siddhartha sentou-se em postura de meditação sob a figueira bo, jurando para si mesmo que só se levantaria após atingir a iluminação.
Raios de luz começaram a sair de seu corpo e de sua cabeça, atraindo a atenção de Mara, o demônio da ignorância. Mara mandou suas belíssimas filhas distraírem a concentração de Siddhartha, mas elas não conseguiram. Então, Mara enviou outros demônios para assustá-lo, mas eles fugiram de medo! Por último, Mara jogou flechas, pedras e bolas de fogo, que se transformaram em pétalas e faíscas. Mara, cheio de ódio, retirou-se; Siddhartha continuou a meditar. Primeiro, Siddhartha lembrou-se de suas incontáveis vidas passadas; depois, ele viu o processo de renascimento de todos os seres; finalmente, ele alcançou a verdade última de todos os fenômenos.
No 8º dia do 12º mês lunar de 527 a.C., com trinta e seis anos de idade, Siddhartha compreendeu sua própria natureza búddhica (sânsc. buddhata) e, conseqüentemente, compreendeu o sofrimento, sua causa, sua extinção e o meio para extingui-lo. Siddhartha conseguiu alcançar a iluminação (sânsc. bodhi), e passou a ser conhecido como o Iluminado, o Desperto (sânsc. Buddha), o Sábio dos Shakyas (sânsc. Shakyamuni).
Shakyamuni continuou meditando por 49 dias. Nesse período, ele sentiu grande compaixão por todos os seres e decidiu ensinar o Caminho às outras pessoas.
Shakyamuni pensou em instruir seus antigos professores (Alara Kalama e Udraka Ramaputra) mas, com sua visão interior, percebeu que eles tinham falecido. Então decidiu procurar os cinco ascetas que o tinham abandonado. Eles estavam morrendo de fome no Parque das Gazelas em Sarnath, Varanasi (Benares). Num primeiro momento, os ascetas não queriam conversar com o "renegado que trocou o ascetismo por uma tigela de caldo de arroz".
A partir daí, Shakyamuni passou a viajar constantemente pelo vale do Ganges, atraindo milhares de discípulos.
Ao retornar à cidade de Kapilavastu, ele deu ensinamentos a seu pai, Shuddhodana, que se tornou monge. O rei de Magadha, Bimbisara, doou o bosque Jetavana à comunidade buddhista (sânsc. Sangha).
Shakyamuni expôs sua doutrina (sânsc. Dharma) principalmente nas cidades indianas de Rajagriha e Vaishali. Seus ensinamentos não se restringiram aos campos religiosos e filosóficos; ele criticou o sistema de castas, o abuso de autoridade dos brâmanes e os costumes sociais, políticos e religiosos daquela época. Shakyamuni era conhecido não apenas pela sua grande compaixão, mas também pela sua disciplina pura. Ele não aceitava a estrutura social da Índia, que permitia a discriminação e o abuso de autoridade por parte dos brâmanes, a "casta superior".
Shakyamuni continuou a dar ensinamentos até o seu falecimento, no 15º dia do 2º mês lunar de 486 a.C., no bosque de Shala, em Kushinagara. Após suas instruções finais, entrou num estado de profunda meditação e alcançou a paz (sânsc. nirvana), a liberação final (sânsc. parinirvana).
Pouco tempo depois, seu corpo foi cremado e suas cinzas foram divididas entre os relicários (sânsc. stupa) de Lumbini, Magadha, Varanali, Shravasti, Kanyakubja, Rajagriha, Vaishali e Kushinagara.
Todos os seres sencientes têm o mesmo desejo primordial - seres felizes e livrarem-se do sofrimento. Até mesmo recém-nascidos, animais, e insectos têm esse desejo. É o nosso desejo desde tempos sem inicio e está presente em nós todo o tempo, mesmo quando estamos a dormir. Nós desperdiçamos todo o trabalho da nossa vida para realizar este desejo.
Cada vez mais os seres humanos gastam tempo e energia desenvolvendo condições externas na sua busca pela felicidade e pela resolução dos seus problemas. Qual foi o resultado? Em vez de ver-mos os nosso desejos satisfeitos, o sofrimento dos seres humanos cresce a cada dia que passa, ao contrário da felicidade e da paz, que a cada dia que passa diminui. Isto mostra-nos claramente que precisamos de encontrar um método válido para realizar pura felicidade e liberdade do sofrimento.
Todos os nossos problemas e todos os nossos sofrimentos, são criados por mentes descontroladas e acções não-virtuosas. Através da prática do Dharma nós podemos aprender a pacificar e controlar estes estados mentais. Para isto Buddha deu 84.000 ensinamentos, cada um referente a uma doença mental. Ensinando que a nossa vida humana é extremamente preciosa e rápida para nos preocupar-mos com actividades fúteis e malvadas. Para contrapor tais actividades devemos desenvolver paz, calma e sabedoria, para nos abstrairmos dos três venenos (ignorância, auto-apego, e raiva), de modo a eliminar o nosso mau karma, sairmos de samsara, e atingir felicidade permanente, e a verdadeira cessação de todos os nossos sofrimentos.
Existem vários tipos de Budismo, consoante a aspiração de cada pessoa. Existem três tipos principais de Budismo, o Hinayana, o Mahayana, e o Vajrayana.
No Hinayana, ou pequeno veículo, o praticante tem como motivação e objectivo a iluminação para bem próprio. Tentando cessar o seu sofrimento pessoal. O culminar deste caminho será a cessação de samsara e a obtenção do estado de Arhat.
No Mahayana, ou Grande Veículo, o praticante tem como motivação e objectivo a iluminação para o bem de todos os seres. A motivação do Mahayana é a compaixão universal, pela qual se tenta atingir a cessação do sofrimento pessoal como o Hinayana, mas com uma outra intenção última, que todos os seres também se possam livrar de todos os sofrimentos. Compreendendo que somente quando se atinge o estado de Buddha se pode beneficiar todos os seres. É também importante referir que só com bodhichitta, este desejo de libertar todos os seres do sofrimento, se poderá atingir o estado de Buddha.
No Vajrayana, ou Veículo Diamante, o praticante tem a mesma motivação, bodhichitta, mas através de receber instruções especiais e secretas, poderá atingir a iluminação de um modo mais rápido.
Existe a alegoria do rio envenenado que nos transmite a diferença entre o caminho Mahayana e o Vajrayana. Imaginemos um rio contaminado por bagas venenosas, algures no seu percurso, o praticante Mahayana espera que o veneno desapareça com o tempo das águas, não bebendo nem deixando os outros beber, o que poderá levar muito tempo, no entanto, o praticante Vajrayana iniciado nas instruções secretas, muitas delas dadas somente de mestre para discípulo oralmente, também denominadas, verdades sussurradas ao ouvido, iria pelo rio em busca das bagas venenosas, para as retirar directamente do rio, e assim todos poderem livremente beber a água o mais rápido possível.
A meditação é um método para familiarizar a nossa mente com objectos virtuosos. Quanto mais familiarizada com virtude, mais calma estará a nossa mente. Com uma mente calma estaremos livres de insatisfação e experimentaremos felicidade verdadeira. Se a nossa mente estiver serena, então, mesmo que tenhamos as melhores condições externas, não estaremos livres felizes. Ao contrário, se treinarmos a nossa mente para que ela se torne serena, seremos felizes todo o tempo., mesmo nas situações mais adversas. Por esta razão é importante treinar a nossa mente por meio da meditação.
Existem dois tipos de meditação: analítica e posicionada. A meditação analítica consiste em contemplar o significado de uma instrução de Dharma que ouvimos ou lê-mos. Analisamos o objecto utilizando linhas de raciocínio que ouvimos ou lê-mos, assim como as nossas próprias experiências sobre o tema. Ao contemplar profundamente, chegaremos a uma conclusão, ou geraremos um estado mental específico. Este será o objecto da meditação posicionada. Tendo encontrado o nosso objecto através da meditação analítica, nós, então, concentramo-nos nele unifocadamente pelo maior tempo possível, para nos familiarizar profundamente com ele. Esta concentração unifocada é a meditação posicionada, enquanto que a analítica é chamada simplesmente de 'comtemplação'. A meditação posicionada depende da contemplação, e a contemplação depende de escutar ou ler os ensinamentos de Dharma.
Porquê meditar?
Se examinarmos as nossas vidas, iremos, provavelmente, descobrir que a maior parte do nosso tempo e energia são orientados para a conquista de metas mundanas, tais como buscar segurança material e emocional, desfrutar dos prazeres dos sentidos, ter boa reputação, etc. Embora tais coisas possam trazer alguma satisfação temporária, elas são incapazes de prover a felicidade profunda e duradoura que tanto almejamos. Mais cedo ou mais tarde essa felicidade converte-se em insatisfação e surpreendemo-nos novamente envolvidos na procura de mais prazeres mundanos.
Mas, se a satisfação verdadeira não pode ser encontrada nos prazeres mundanos, onde poderemos encontrá-la? A felicidade é um estado mental, logo, a verdadeira fonte de felicidade não reside em condições exteriores, mas sim na mente. Se tivermos uma mente pura e serena, estaremos felizes, independentemente das nossas circunstâncias externas. Ao contrário, se tivermos uma mente perturbada, nunca encontraremos felicidade, por mais que tentemos mudar as nossas condições externas.
O objectivo da meditação é cultivar os estados mentais que são conducentes à paz e à felicidade, e erradicar os que trazem confusão e sofrimento. Apenas os seres humanos podem trazer isto. Os animais podem desfrutar comida e sexo, encontrar abrigos, armazenar provisões, subjugar os seus inimigos e proteger as suas famílias, mas não podem eliminar o sofrimento, nem conquistar felicidade duradoura. Seria uma causa de profundo arrependimento se usássemos a nossa vida humana preciosa para obter resultados que até os animais podem obter. Porém, podemos evitar tal desperdício e tornar a nossa vida verdadeiramente significativa se treinarmos a nossa mente através de meditação.
Como se medita?
Escolhemos um local sossegado, e então assumimos a seguinte postura:
A postura em sete pontos
\ A utilidade desta postura é extensamente explicada nos textos sobre os diferentes yogas. Mas sucintamente, o objectivo é permitir aos elementos subtis nos diferentes centros do corpo que recuperem o seu equilíbrio.
\ As pernas estão na posição de lótus ou de vajra (cruzadas uma sobre a outra) ou na posição dita do bodhisattva (cruzadas uma à frente de outra).
\ A coluna vertebral é mantida direita como uma flecha.
\ Os ombros estão puxados para trás, «como as asas dum abutre».
\ As palmas das mãos estão postas sobre os joelhos; ou ainda, a mão direita repousa dentro da mão esquerda ao nível do umbigo, as palmas das mãos viradas para cima com a extremidade dos polegares em contacto;
\ A língua, nem enrolada nem crispada, repousa confortavelmente contra o palato;
\ Os olhos podem estar abertos ou fechados. No caso presente, deixamo-los numa posição perfeitamente natural, nem fechados, nem encarquilhados;
\ A cabeça não deve pender nem para trás nem para a frente: o pescoço deve estar direito e o queixo ligeiramente para dentro, de forma a manter a coluna direita.
Então, concentramo-nos unifocadamente no acto de inalar e exalar, é muito importante a concentração na respiração pois traz calma, e paz. (poderá encontrar um texto mais aprofundado sobre a meditação na respiração, na secção de textos). Existem muitas meditações diferentes contudo todas elas começam com a meditação na respiração, de modo a acalmar a nossa mente para uma contemplação mais profunda
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